sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Elegia ao amor

Amor,
Suas palavras piegas trocadas por amantes
Que no êxtase de seu torpor não se importam se es fantasia

Que em tempos de guerra vive de esperança e incerteza
Para resistir o tempo e voltar aos braços da amada

Tão singular, tão confuso e confundido amor
O mundo quer matar-te, os amantes esquecem teu valor

Outrora puro, casto, pudoroso
Agora te vês salvagem, sedento, carnal

Que te aconteceu?
Por quais vielas imundas te fizeram sangrar?

Não acabes, não te desfaças, nem te entregues!
Em cada coração que morres plantas a desilusão

Anjos se tornam farrapos sem vida
Palavras ditas com vigor se despedaçam

O sentido se retorce
O meio se torna finalidade
E o sentimento apenas carne

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Saída

Um coração que bate amargurado por não poder parar
Uma lágrima que deixa de rolar pelo bem amado
Que consolo guarda a noite escura para os amantes desapontados?
Melhor perder-se na solidão conjunta que findar em um sofrer amargo
E que o peso de meus pesares se afoguem no suor de um amor pago

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Diálogo

-Achei legal o que você escreveu.

-Obrigado

-...Mas eu tenho uma crítica construtiva a fazer... se importaria?

-Claro que não, diga.

-Acho que te falta um pouco de eloquência, quem sabe é por alguma questão mal resolvida em âmbito pessoal...

-Eloquência? Não, não... eu não busco eloquência A falta de sentido e a loucura são as coisas que eu mais busco. Gosto do impreciso, daquilo que poderia falar... mas no fundo não fala. As verdades já foram destruídas, o mundo já é louco. Por que não ser um pouco louco também?

-O que é real não se desfaz, acho que aí mora o seu equívoco.

-Gosto da arte, dos pés fora do chão! Nada de realidades torturantes.

-Você não me entendeu...

-Você é que não me entendeu. Eu brinco com as palavras, eu não busco eloquência. E o sentido? Espero que cada um ache o seu.

Ludy, obrigado por me dar esse texto. Talvez um dia você me entenda, talvez um dia eu te entenda.
Mas isso não importa de verdade.
Beijo

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Meu mal

Padeço do mal dos amores proibidos
Seja por deus ou pelos homens
Vivo como se nada estivesse errado
Rindo das piadas, consolando amigos,
Sorrindo pros bons momentos e chorando nos maus
Vivo a amar sem ter amor, a cultivar árvores estéreis
Passo um dia após outro respirando para viver
Por dentro a alma definha
Meu mal só conhece uma cura
E sou a cura para a minha cura
Padeço do mal dos amantes desencontrados
Minha enfermidade tem um único nome: saudade

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Certos encontros

A cada dia que passa vem um fantasma do passado para nos lembrar de coisas que nem sempre são tão animadoras. E recordamos quão idiotas fomos, ou ainda somos.

Esse cara a cara é bem mais um desconforto do que qualquer outra coisa. Mais ou menos como encontrar um colega de infância do qual lembramos ter tornado a vida um inferno por um tempo quando eramos novos, e descobrir que ele hoje é o nosso chefe, ou mesmo alguém que tenhamos de lidar com algum grau de hierarquia.

Tem o caso daquela pessoa com a qual tivemos alguma relação "amorosa" e depois ela volta a aparecer quase como se fosse puxar nosso pé durante a noite. Por que as coisas nem sempre terminam bem. Na maioria das vezes alguém quer levar o coração do outro para si, e eu não digo isso de uma maneira poética, é o coração de verdade. E a pessoa quer arranca-lo do nosso peito enquanto ele ainda bate! Para colocá-lo numa estante como uma recordação de algo que "não voltará a acontecer".

Essas aparições tão aleatórias e divertidas - divertida como dor de roxo: dói, ainda sim você aperta o lugar - causam um certo arrepio na nuca, e um bocado de vertigem. Pessoas são estranhas, nunca se sabe como vão reagir.

O tempo não atua de forma igual para todos, menos ainda para as situações que são diversas. E ainda assim criamos um balé que fica entre uma provável reação ruim, a possibilidade de ser ignorado e uma simpatia constrangida.

Às vezes mesmo com alguém que tínhamos uma relação boa pode passar isso. Pelo tempo passado, sentimos que já não existe a cumplicidade de outrora, uma completa verdade. E ficamos sem ação por já não saber como a pessoa reagirá no caso de um tratamento mais carinhoso, ou mesmo de uma atenção mais afetuosa (sem qualquer conotação sexual).

Sofro do mal dos encontros estranhos e esquisitos. Sofro por não saber como agir frente a um constrangimento. Sinto que minhas pernas, tronco, braços, mãos, dedos... Meu deus pra que um corpo com tantas partes!? Todas elas ficam sobrando e se movimentam caoticamente tentando achar o lugar onde deveriam estar. Algo praticamente impossível é sair desses eventos sem sentir-se idiota.

Viva os encontros com nossos bons e maus fantasmas, só vou pedir para que não me assustem muito. Mas o esforço nem vale: um "oi" já basta para uma pequena parada cardíaca.