sábado, 23 de julho de 2011

Poema em Bossa

Onde está meu bem?
Por que ela não vem?
Me acorda de mansinho
E me dá muito carinho

Ai quem me dera ter meu bem
Com os mimos que ela tem
Me deixando feito menino
Ansioso e sem destino

Com ela vou ter um lar
Qualquer seja o lugar
Só pra ela me cuidar
Quando a noite chegar

Só ela tem esse jeitinho
E eu rezo bem baixinho
Pra ela nunca me deixar

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Para esclarecer

    Como pode ser? É tão difícil escrever quando estamos preenchidos por algum sentimento forte. Não estou dizendo que faltem as palavras, simplesmente recorremos ao mesmo tema frase após frase, paragrafo, texto e por aí vai.
    A cabeça da gente se ocupa tanto desse sentimento que nos cega quanto a qualquer outra coisa e perdemos o senso de pesos e medidas. Não que atuemos sobriamente todo o tempo, apenas se nota de maneira mais intensa, nesses casos, o nosso tendencionismo – pensando melhor sempre há algum tipo de interferência.
    Somos tendenciosos de mais, julgamos as coisas de acordo com o humor. Eu, por exemplo, estou repleto de um sentimento de perda, saudade, nostalgia... Em resumo: sentimento de partida. O engraçado disso é que (como sempre contraditório) existe uma alegria. Sem nexo?
    Tudo bem, eu explico um pouco melhor. Vou deixar minha casa, para voltar pra minha casa. Talvez eu tenha piorado as coisas. Deixe me tentar mais uma vez, começando com minha definição de casa: lugar onde moramos e nos sentimos como componente necessário. Ou seja, vou deixar um lugar onde me sinto bem e cômodo por outro onde me sinto bem e cômodo. Era pra ser uma troca neutra, mas a vida não é assim.
    Sempre que nos vamos damos maior atenção às pessoas, às atitudes e aos detalhes de forma geral. É uma reflexão interna (consciente ou não) que faz transparecer o valor das coisas e, muito embora eu saiba que em qualquer dos dois lugares posso ser feliz, me doí ter de escolher entre um ou outro. Doí ter de renunciar as coisas que se fazem importantes de um lado, mesmo que isso favoreça às que estão do outro.
    Enfim, minha cabeça essas últimas semanas está às voltas com esse conflito e alguns outros mais – de natureza parecida. Acontece que quando eu tento escrever algo fica explicitamente impresso esses meus sentimentos e ansiedades.
    Chego a dar risadas, pois, algumas vezes me forço a começar algo que não tenha nenhum vínculo com tudo isso e, ao reler metade de uma página, vejo que meu intento foi em vão. Por esse motivo decidi explicitar as coisas, quem sabe dessa forma possa sentir-me mais leve e voltar a pensar em outras questões – e voltar a escrever sobre outros assuntos.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Em respeito às memorias

    A vida nos prega peças. Perseguimos insistentemente a fantasmas do passado. Talvez não de uma forma concreta, mas sem dúvidas existe a procura por reviver um momento, ou rever uma pessoa que ficou pra traz.
    Boas lembranças ganham vitalidade com o tempo, o problema é que não se pode repetir nada com exatidão. Os motivos são as mais tolas verdades que se pode jogar na cara de alguém: os lugares onde estivemos nunca vão estar iguais; as pessoas com as quais vivemos esses momentos também já não são as mesmas; mesmo você não é a mesma pessoa. Constatações obvias e duras. Ainda não consegui distinguir qual dói mais, são todas cruéis.
    Um dia me disseram que não se deve voltar a um lugar no qual se foi muito feliz. Demorei muito tempo para entender o porque de uma pena tão dura a um lugar da memoria que te faz tão bem. Mas, passado algum tempo me dei conta que aí mesmo reside o problema: a memoria.
    Tudo que se sente e experimenta fica marcado, adquirindo forma ÚNICA. Tão singular que o intento por repeti-la só poderia resultar em um fracasso de desgostosas sensações.
    Mesmo porque não voltamos ao mesmo lugar. Vamos a essa nova paisagem que se moldou de acordo com sua nova realidade e deixou de ser aquele espaço que abita a mente.
    E mais, nós – os protagonistas dessas cenas – também já apresentamos toda uma nova configuração. Algo que vai além de simples aparência e das marcas impressas pelo tempo no nosso físico. Vivemos coisas novas e já não possuímos o mesmo olhar sobre o mundo. Olhar que foi o culpado de todas as situações que vivenciamos – inclusive as mais constrangedoras e divertidas.
    Desnecessário dizer que pelo mesmo motivo os outros envolvidos não vão se apresentar da mesma forma, não é mesmo? E pode ser que eles tenham perdido, justamente, aquele pequeno detalhe que – a nosso ver – era tão singularmente apreciado.
    Melhor deixar todas essas passagens gostosas a salvo em um lugar protegido da memoria. E se pretendemos voltar a um lugar, que seja na condição de viver coisas novas e nunca na expectativa de sentir outra vez algo que já foi.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Apenas um lembrete

    E quem foi que te disse “a vida é fácil”? Você acha mesmo que as coisas acontecem como nos programas de televisão? E que no ultimo capitulo de sua novela além de descobrir quem era o vilão: vai ficar rico, se casar e viver feliz pra sempre?
    A vida é cheia de escolhas, vivemos entre penhascos que nos desafiam. Subimos e descemos entre montanhas – quase sempre sem ter ideia do que nos espera do outro lado. Constantemente somos feridos: por palavras e ações. Sejamos nós os atacantes ou os atacados.
    Não há muito tempo para pensar, as coisas são atiradas no nosso colo e é preciso responder prontamente. Somos cobrados a escolher de forma rápida o que nos é mais conveniente, sabendo que cada escolha implica também em renuncias.
    Uma renuncia é uma porta que se fecha. Algumas se fecham para sempre, outras cismam em aparecer varias vezes até que tentemos abri-las novamente.
    O resultado, bom ou ruim, é impossível de prever. Grande parte das vezes temos de dar com a cara na parede repetidamente até perceber que algo não funciona, ou para aprendermos a maneira certa – em geral apenas tomamos consciência de como NÃO funciona.
    Destino e um futuro predestinado são besteiras criadas para que a gente se conforme com os contratempos que a vida nos traz. Não se engane: o mundo pode até lutar contra você, mas te da alguma oportunidade pra lutar de volta.
    Oportunidades melhores para uns, piores para outros. Evite comparar-se, principalmente, com alguém que esteja numa situação menos favorável. Dizer que há alguém pior só vai aumentar o sentimento de comodismo quanto sua situação atual.
    Maldiga o mundo, deus, os homens, a natureza... enfim maldiga a quem quiser, porém não se esqueça que muito do que nos passa é de responsabilidade unicamente nossa.
    Escolher e omitir, duas formas de fazer a mesma coisa. Assim caminha a vida, premiando e punindo aleatoriamente e também de acordo com nossas ações. Se as coisas terminarão bem ou não só esperando pra ver. Importante mesmo é desfrutar de todos os momentos e oportunidades positivas para que o amargo da vida não chegue nem perto de ser o mais memorável.