sábado, 20 de agosto de 2011

Como a gente preenche o peito?

    Era só isso que eu queria saber. Éramos ali quase que dois estranhos tentando arrumar uma forma menos desconcertante pra dizer adeus.
    Um questionando o outro sobre o que fazer. Buscávamos encontrar uma solução para um enigma que perdura há uma década. Dez anos que escorreram e foram arranhando, lapidando cada um dos dois. Anos que nos levaram as risadas, antigos planos, esperanças e mesmo os olhares tão cheios de verdades.
    Não me mal interprete, ainda há um querer inexplicavelmente persistente. Tudo que se sente ainda é verdade, o que mudou foi a esperança. Essa sempre bateu de frente com a realidade, antes com desmedido vigor e cega aos empecilhos do mundo. Por muitos anos foi assim, mas a realidade respondeu a altura: ficando cada vez mais sólida.
    Já não há tanta vitalidade, o tempo finalmente pesou para ambos. Frustrados pelo mundo que nunca parou de andar, nunca deixou o encontro acontecer. Não nos deixou acertar e errar, não deu chances pra tudo dar certo – ou explodir em pedaços.
    Fico pensando em tudo aquilo que nunca fomos: nas brigas por motivos triviais que nunca tivemos; nos dias dos namorados que nunca passamos juntos; nos aniversários de namoro que nunca tive a chance de esquecer; na escova de dente que eu nunca deixei na sua casa. Essas bobagens que todos os casais têm e fazem. Essas pequenas coisinhas que no final são as que realmente se lembra de um namoro.
    No meu peito ainda existe uma descrença com o mundo. O vazio sempre esteve ali, mas agora existe a nauseante idéia de que talvez esse vazio nunca seja, de fato, preenchido. Com o que a gente preenche o peito quando sente que não dá mais?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Amor de Ismália

Anjos bailam ao som da valsa
Não há mais sublime visão

Em câmera lenta vejo o salão
Que se afasta andar por andar

E a música está dentro de mim
Quem dera também ter asas

A lua do céu se vê mais longe
A lua do mar se aproxima

Perdoa-me meu amor...
No fundo do mar um coração

Um novo solitário amante
Mais um namorado da lua

(A título de informação: poema inspirado no poema "Ismália" de Alphonsus de Guimarães)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sem hora

    É engraçado, mas a cabeça da gente é sacana às vezes. Essa ultima semana perdi por completo uns dois – quem sabe até mais – textos por não ter uma caneta e papel para poder guardá-los.
    Uma sacanagem, quinze minutos mais e eu teria encontrado algum refugio físico para minhas idéias. E não adianta forçar a memória, porque a coisa toda se vai. E vai ofendida pela falta de atenção, decidindo perder-se para se vingar.
    Como é amargo sentir as idéias se diluindo aos pouquinhos, ou mesmo de repente em um momento de distração. Sempre gera uma sensação de impotência.
    Quando finalmente chego a encontrar algum papel e algo com que escrever nele fica a certeza que as palavras exatas, o ritmo, a essência, em suma: a alma daquela idéia já se perdeu.
    E mesmo tendo na cabeça qual era o tema e, mais ou menos, por que caminho a coisa toda deveria andar só encontramos frustração. “Esse é mais um filho perdido”, costumo pensar.
    E fico triste por não lhe ter dado a oportunidade de ver a luz do dia. Quem sabe bem aquela idéia ia florescer e tornar-se uma árvore frondosa e frutífera.
    O que me resta é só um bocado de chateação. E quem sabe eu finalmente aprenda a ter sempre a companhia de uma caneta e de algum papel, para que da próxima vez eu tenha um pouco mais de sorte em registrar algum desses textos de hora inoportuna.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Pensamiento del dia (IV)

No hay vida sin poesía, todo cuanto veas es parte de una gran Odisea, que se escribe a todo momento. Pero Olvídate de las métricas, las líneas de imperfecta distinción son más bellas. No hay vida sin poesía, ni tampoco puede haber su opuesto sin el suspiro de esa vida.