quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Opostos

Verdade, mentira. Real, irreal.
Quantas coisas dicotômicas existem no mundo...
Olhando a minha frente encontro uma que é um tanto bizarra: começo e fim
Meu futuro é um misto de algo que poderia ser e aquilo que jamais será
Anonimato prematuro, saudosa vontade de querer ser
O que me resta é a dúvida por querer tentar
E, ao fracassar, a certeza de que em algum lugar
Fui apenas um nada do que poderia ser
Não há limite para a loucura, mas há para a sensatez... porque?
As coisas certas seriam assim tão limitadas?
Loucura seria a liberdade em sua ultima instância?
Sem consequências, sem dor, sem consciência
Pura demência...
Desalento natural etecetera e tal
O que se fala já não importa
E algum dia importou?
Esqueça, não faz diferença

sábado, 17 de setembro de 2011

Em pedaços

    Todos nós somos formados por uma infinidade de fragmentos. Uma enorme junção de pequenas histórias e acontecimentos que ficam grudados pra sempre em nosso ser. Depois de uma reforma começo a ordenar alguns pertences na prateleira. Um a um eles vão me mostrando a pessoa na qual os anos me moldaram. Objetos simples, porém têm uma carga emocional extraordinária.
    Tenho um troféu de melhor ator que ganhei em 98 em um festival de teatro estudantil na minha cidade. Algo muito simples, entretanto fica estampado nele mais que o meu gosto pelo teatro, está escarrado ali um pedaço gordo do meu ego. Tenho também algumas canecas de lugares que conheci e uma, em especial, com três incríveis pessoas com as quais tive a oportunidade de passar um ano da minha vida – um das homenagens mais legais que me fizeram, diga-se de passagem.
    Outro objeto interessante é uma pequena boneca de bola de gude que segura uma placa com os dizeres: “Meu amor por você não bate... capota!” esse foi um presente de improviso que ganhei no meu aniversario de quinze ou dezesseis anos, meus amigos acharam divertido fazer uma vaquinha pra comprar ela e realmente foi. Dos tempos de colégio tenho onze dos doze profetas de Aleijadinho, comprei-os numa excursão da sétima série – não tenho ideia do possível paradeiro do décimo segundo profeta...
    Talvez uma das coisas curiosas que tenho no meu quarto seja um simples par de dados de truco. Eles foram feitos por meu avô materno, que gostava muito do jogo e alguém quem eu não tive a sorte de conhecer – foi minha avó quem me deu eles. Homens nunca crescem, não é o que dizem? Pois bem, tenho uma moto de brinquedo... Foi um presente de natal (uma brincadeira) não faz tantos anos assim, de um tio que sabe e entende o meu gosto por elas.
    O molde dos meus dentes é a coisa mais bizarra do quarto – não levando em consideração o possível espanto causado por uma espada oriental. Quatro miniaturas de RPG (tá, não dá pra ser um quarto mais nerd) que ganhei no amigo oculto mais acertado que eu já participei. Além dessas tantas coisas tenho um pato de pelúcia, numa “leve” referencia a meu apelido nos tempos de colégio, guardado com muito carinho pela ocasião em que me foi dado.
    E a foto. A única que tenho no meu quarto e, também, a única que tenho com essa pessoa. Talvez essa seja uma dos objetos que se destaque, ou talvez eu dê uma atenção diferenciada a ela. Muito provavelmente por que ali está representado, mais do que um fragmento de mim, está um pedaço de mim que comparti e hoje não possuo mais.
    Somos isso, uma coleção de fragmentos. Possuímos um pouquinho de cada pessoa e momento que passa por nós. E deixamos um pedacinho em cada uma delas também. Somos o todo formado de partes e quando se olha de perto só vemos um emaranhado confuso de coisas, mas com a distancia adequada é que contemplamos a coisa completa. Porém, nessa transição de perto e longe é que entendemos perfeitamente a importância desse, ou daquele pontinho ínfimo na formação da imagem.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O tempo e o homem


O tempo disse: “Que minha passagem pelos mortais seja marcada na pele...”
Eis que um homem sábio respondeu: “Podes marcar minha pele, mas nunca terás a juventude de minha alma!”

sábado, 10 de setembro de 2011

Manual da vida


A vida desafia, faz surpresas e nos dá alguns sustos. O que eu não entendo mesmo é a vontade de algumas pessoas em encontrar uma fórmula, um manual que lhes ensine a viver. Francamente é impossível conceber esse tipo de coisa, porque não há uma pre-programação que possamos fazer.
Não existe só uma maneira certa de se fazer as coisas, ou de se tomar decisões. Somos muito mais complexos, o que torna a criação de uma forma que enquadre a vida algo inconcebível. Pensar que no mundo só há uma resposta para as perguntas é fechar-se para todo um universo de possibilidades.  
Além disso, viver é muito mais do que apenas seguir normas e regras. Viver requer quebrar, ignorar e desviar-se delas também. Pensamos, temos senso crítico e livre arbítrio para isso: poder olhar a vida e escolher os momentos que pedem que ignoremos algumas convenções sociais.
Claro que sempre medindo a consequência de nossos atos. Acertando ou errando vamos ter de encarar o resultado de nossas escolhas e decisões pessoais. Essa é a parte mais bacana de se viver: ser responsável por si e, com isso, aprender a moldar a realidade que nos cerca – e a nós mesmos – nesse processo.
Como esperar que partindo vivências, realidades e experiências tão distintas seja cabível a criação de um modelo único de vida? Mais do que isso, como pode uma pessoa querer dizer o que é bom pra todo o resto da humanidade?
Tudo bem, existem certas “coisinhas” que valem muito a pena serem seguidas por todos. Por exemplo: ninguém acha ruim ser tratado com educação, tratar o outro bem só traz benefícios. Isso é uma regra limitante para todos? Talvez deveria ser, mas mesmo assim não chega a ser algo que te limitará dentro das possibilidades que a vida tem a oferecer. Arrisco a dizer que é o tipo de atitude que, na verdade, vai dar ainda mais oportunidades. Assim mesmo, essa é apenas uma escolha que se pode adotar ou não.
Eu – como bom mineiro que sou – tenho uma enorme desconfiança das pessoas que tentam convencer as outras de seguir essa ou aquela atitude para poder se enquadrar em um padrão. Acredito ser muito perigoso buscar alguns tipos de homogeneidade e a historia está cheia de exemplos, não é verdade?
E o que seria da vida se todos fossem tão iguais assim? Pensando do mesmo jeito, escutando as mesmas músicas, nos vestindo igual e o pior: sem questionar as ideias dos outros, por que se todos pensam do mesmo jeito já não vai haver o que ser questionado. Juro que sinto um arrepio na espinha em imaginar um quadro assim, pra mim seria o fim da humanidade. Pois, a maior fonte de criação está justamente em não concordar com o outro.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Perguntas


        Por que será que perguntas repetitivas irritam tanto? Sabe aquelas coisas que as pessoas ficam perguntando uma e outra vez? E o pior: nem dão tempo pra gente responder, sabe como é? Alguém já ficou te perguntando alguma coisa assim? Hein? Hein?! Já?
        Chega!!! Não suporto esse tipo de coisa, é serio. Se um dia você estiver com muita vontade de testar minha paciência essa é, provavelmente, uma das maneiras mais fáceis de levá-la a zero sem grande esforço. Tem gente que parece gostar de fazer isso – propositalmente – só pra poder ver o outro ficar irritado.
        Se por acaso eu estiver sendo machista me desculpem, mas as mulheres têm uma incrível tendência a cometer esse tipo de deslize. Deve ser alguma dessas coisas inerentes ao sexo, e nem adianta dizer que não existe isso porque somos sim – homens e mulheres – diferentes em vários aspectos.
        E essa natureza questionadora das mulheres favorece o aparecimento dessas perguntas inesgotáveis sobre a mesma questão, não sendo dado o tempo para uma resposta. E mais, se por acaso demonstramos irritação elas nos fazem uma cara de: “Nossa, que falta de paciência. Só estava perguntando...”. Pronto, lá se foi o bom humor de todo um dia – tá bom, nem é pra tanto, mas talvez de umas boas horas.
        Em geral são interrogatórios sem a menor importância. E, se dado o devido tempo para uma resposta, seriam terminados sem nenhum tipo de desgaste logo na primeira pergunta. Mas não, para que estragar toda uma brincadeira com algo tão simples? Muito mais interessante deixar o outro a beira da loucura a dar-lhe a humilde tarefa de contestar a um simples questionamento direto.
        Não duvidaria se alguns acusados de homicídio ao serem confrontados sobre o motivo de seus crimes simplesmente dissessem – com os olhos inconsolados – que: “Ela não parava de repetir a mesma pergunta...”.

sábado, 3 de setembro de 2011

Em casa...

    Vejo mais um dia lindo lá fora, e o que diabos estou fazendo do lado de dentro? Realmente, a tecnologia prende a gente. Fico vendo da minha janela o céu limpo de nuvens e aqui estou na frente do computador reclamando da falta do que fazer.
    A vida vai passando e não sei mais como deixar de lado essa máquina. Ir pra fora de casa, mas fazer o que? Ficar andando aleatoriamente sem rumo? Tá... eu faço isso, e gosto de fazer isso – já sei que sou maluco, não precisa fazer essa cara – entretanto há uns dias que somente isso não basta.
    Falta alguém pra ir lá fora, sei lá. Como ficamos todos enfiados na frente de um computador a preguiça acaba por falar mais alto e nos impede de sair. Sair assim, sem propósito, sem vontade, sem ter o que fazer, apenas pelo prazer de estar do lado de fora. Fora do confinamento das paredes de casa. Encontrar um amigo em uma praça e ficar ali papeando sem mais nem menos, por pura vontade de estar ali. Mas, é tão mais cômodo ficar em casa e falar com os outros pela internet – será mesmo?
    Se tem uma coisa nos papos “internéticos” que realmente me incomoda é a falta do tom de voz, sabe? Saber o jeito com que a pessoa está falando, sentir todas as sutilezas que só a voz e os gestos conseguem transmitir. “Pra isso que existe webcan, seu otário!” eu sei que alguns de vocês podem ter pensado isso, sem problemas. Agora eu pergunto: realmente isso substitui o estar com alguém?
    Pra mim ainda falta algo mais, tudo bem que se a pessoa está na China e você aqui no Brasil é perfeitamente compreensível o uso dessas ferramentas para se sentir mais perto. Mas, estando na mesma cidade – muitas vezes no mesmo bairro – fica parecendo uma coisa exagerada. Não adianta você brigar, gritar que é mentira, o fato é: a internet sempre vai ter um distanciamento impessoal. E isso me incomoda de mais – me mata de raiva, melhor dizendo.
    O dia continua lindo lá fora, e eu ainda estou aqui dentro reclamando da falta do que fazer. Tão mais fácil reclamar enquanto presos na segurança daquilo que nos aflige. Tão mais fácil parar por aí e não buscar mudar. Eu hoje vou parar no reclamar, quem sabe amanhã eu saia de casa.