sexta-feira, 23 de novembro de 2012

No lombo do jegue


Viajar de avião é prático, quanto a isso não tenho muitas dúvidas. Contudo, quando se escolhe ir pelo ar se abdica de alguns confortos. Em nosso país, todos os meios de transporte aparentemente possuem desvantagens um pouco maiores, assim sendo, quando se trata de nossa estrutura aeroportuária as coisas não poderiam ser diferentes.
Feriado prolongado é uma boa desculpa pra fugir de onde quer que você esteja e ir para longe. Se pudesse viajaria sempre, mas nem tudo que se quer se pode – uma pena. E é por isso mesmo que aproveitei a oportunidade que tive e sumir do mapa, mesmo que por uns poucos dias.
E como aproveitei...? Uma viagem em família, o que mais isso quer dizer? Que não planejei nada. Aí sim temos um pequeno incômodo, ou nem diria incômodo... está mais pra uma adaptação a condições que não estão no meu controle – ou seja, chatice minha mesmo. 
Viajar em família é muito bom, porém trás desvantagens. Por exemplo, nessa viajem elas foram data e companhia aérea escolhida... A data, por mais que seja um feriado, muito próxima ao fim do semestre que já está me tirando o sono faz tempo, mas OK.
Duro mesmo foi o segundo fator. Limito-me a dizer que assim que entrei na aeronave ouvi uma passageira chamando a empresa “carinhosamente” de web-jegue – talvez seja mesmo verdade que toda brincadeira tem um fundo de verdade.
Como já disse inicialmente, viajar de avião significa se abdicar de alguns confortos pra ganhar tempo. Quanto ao tempo não posso reclamar, saímos e chegamos no horário marcado. Agora quando ao conforto... Eles realmente não estavam brincando quando pensaram na divisão interna do avião: as poltronas tinham um espaçamento tão diminuto entre si que não havia opção de se reclinar o banco, ou mesmo esticar as pernas. O banco era tão fino que dava pra sentir a revista colocada no bolsão nas minhas costas, se era acolchoado...? Prefiro nem comentar.
Senti-me em um pau-de-arara voador, ideia que tentei de todas as formas ignorar pensando que ao chegar tudo valeria a pena. Entretanto, o tempo foi passando e minha coluna, pernas, pés e até mesmo braços encontravam-se sem lugar naquele micro espaço “reservado” para mim.
Pra que você tenha uma ideia um pouco mais palpável te conto que tenho um e setenta e poucos de altura e sessenta e seis quilogramas, o que isso quer dizer? Que sou baixo e magro – e ainda assim me encontrava muito desconfortável. O que dizer de alguém mais alto que eu? Não teria condições de colocar as pernas pra dentro do espaço do assento, digo sem exageros! E uma pessoa acima do peso? Teria, facilmente, de ocupar dois assentos.
Não estou fazendo piada, a coisa é que estava muito ruim mesmo. Mas como tudo que está ruim pode sempre ficar ainda mais divertido... Eis que na metade de nosso percurso uma senhora puxou, deus lá sabe de onde, uma caixinha de som – daquelas que se compra pra conectar um pendrive ou cartão de memória, sabe? E então, o inevitável, colocou em volume considerável todo o seu “bom-gosto” musical para ecoar pelos corredores da aeronave.
Comecei a rir instantaneamente, como era possível uma cena dessas? Mais parecia que estava em um ônibus no centro da cidade, que é um território costumeiro desse tipo de prática. Não preciso dizer que não foi o único a estranhar coisa toda, mas acho que de tão inusitada a situação ninguém se atreveu a dizer nada.
Viajar de avião ainda é a forma mais prática de se poupar tempo. Contudo, temo que algumas companhias aéreas estejam cada vez menos interessadas em oferecer um serviço com o mínimo de conforto. Mas está tudo lindo e maravilhoso, não é mesmo? Afinal de contas esse é o país que irá sediar a copa.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012