quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Para Dezembro

    Olá Dezembro, senhor barrigudo representante da bonança e da fartura. Que sua imagem caricata não seja apenas uma ilusão na mesa de centenas de milhões que – por mais um mês – lutam pra sobreviver nesse mundo tão sedento por justiça.
    Entre, venha logo. Agora o senhor é quem comanda o ano, pois faça dele algo memorável. Tente ser menos monótono e previsível do que seus irmãos. Quem sabe assim possamos promover uma real mudança de padrões para o ano que se segue. Com o exemplo de tão digno senhor incumbido de guardar os portões do fim/inicio de mais um ciclo os demais guardiãs dos meses se sentirão impelidos a copiar tão audaciosa ação.
    Ora, mas não se sinta intimidado... por favor! Eis que essa é apenas uma sugestão de um mortal que nada pode decidir sobre as grandes e intricadas redes que regem o universo. Apenas não se esqueça: mesmo a mais insignificante das vozes pode, por vezes, estar certa.
    Perdoe a petulância desse mortal que vos fala, nobre senhor. Sou apenas um reflexo imperfeito de um clamor inconsciente e dormente de outros tantos mortais. Ou, quem sabe, seja apenas um insolente que se crê maior do que realmente é. Perdoe minhas divagações tão mundanas e infantis. Quem poderia querer dirigir-se ao guardião do mês sem ao menos buscar transmitir eloquência.
    Voltarei a minha insignificância contida, ao meu ser de razões ininteligíveis. Vos, senhor, que reine por mais um mês. Termine mais um ciclo, e volte a reunir-se com seus irmãos. Os mortais ainda passarão – figuras indiferentes diante de vossas grandezas. O mundo continuará a ser esse grande ninho de historias que a curiosidade imortal desbravará até o fim dos tempos.

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