Gravar os momentos na retina continua
me atraindo mais do que um milhão de fotos que poderia tirar.
Estou na contramão – mais uma vez – e
não consigo acompanhar essa maré louca de se querer registrar todos os segundos
da vida através de uma máquina. Não me entenda mal, fotos são um ótimo recurso
para se levar lembranças de momentos bons. Porém, nem todas as fotos tem
registrada a verdade do momento, se tornam criações artificiais de algo que
nunca existiu.
Estamos tão viciados em querer nos
mostrar pro outro que, por vezes, nos esquecemos de viver. A lente vai assim
pintando momentos da vida dos quais não lembramos quase nada, como estava a
temperatura naquele dia? E o vento? Havia pássaros cantando? E o garoto que
escorregou e quase perdeu seu sorvete? O que eu estava pensando ali?
O mundo existe para ser experimentado
por todos os sentidos. Os olhos de uma lente, mesmo que excelentes, não
conseguem captar toda a essência de uma cena. Há tanta informação que foge de
seu foco... coisas que só podem ser sentidas.
A paisagem pode ser linda ou
cotidiana, não importa. Parar e contemplar com tempo e calma é tão mais gostoso.
Por vezes esqueço que tenho uma câmera em companhia e deixo passar “sem
registros” os momentos. Mesmo por que – já disse aqui uma vez – as coisas que
eu vivo só podem ser experimentadas como são por mim.
Uma foto é um instrumento para
ajudar a reviver momentos e não para criar momentos – na minha humilde
concepção. Gosto de fotos, só não sei se gosto do que temos feito com elas.
aí tem aquele show, daquela sua banda preferida, que voce esperou séculos pra conseguir assistir.... mas não consegue, porque só tem câmeras na frente. triste.
ResponderExcluirExatamente...
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