terça-feira, 26 de novembro de 2013

Já volto!

“Olá, velho amigo”, pensei ao fitar o papel com o lápis em punho. Em resposta obtive um “quem é você, estranho?”, algo meio ridículo – mas foi o que senti quando o lápis tocou o papel. Faz algum tempo, eu sei... mas... seria motivo pra tanto?
Meu rosto corou, a situação pareceu ainda mais idiota. A mão não parecia querer obedecer muito bem a meus comandos, gritava “não é assim, cuidado!”. Franzi o cenho sem entender bem o que acontecia. Ora, se até então tinha conseguido adquirir certa intimidade com a escrita, o que diabos me impedia de colocar qualquer coisa no papel?
Me ausentei por um tempo... culpado! Será que essa falta de contato comigo mesmo, de olhar pra dentro me deixo paralisado? Apenas um mês, mês e meio – talvez. Em tão pouco tempo é possível perder-se de si?
Bato com o lápis no papel, não os estou punindo – sou em quem sofre da punição. Era tão difícil vislumbrar algo antes? Parece que foi há tanto tempo, que já nem sei o que é real ou imaginado. Era fácil ou não? Tudo mudou ou não?
Tem horas que a gente olha pro mundo, começa a correr de um lado pro outro e vai abandonando pequenos prazeres. “Já volto”, prometemos a nós mesmos. Quando o fazemos – se o fazemos – é como começar do zero. Talvez não do zero, mas certamente regredimos. O considero como um fator doloroso, como uma engrenagem enferrujada que precisa de mais força pra poder voltar a se movimentar.

Ao final, fiquei naquela posição por muito tempo. Fitando o papel com o lápis na mão e a cara de idiota. Correram vários minutos, enquanto externamente minha imagem ali fosse boba, por dentro buscava reencontrar tudo aquilo que me faz querer viver.

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