“Olá, velho
amigo”, pensei ao fitar o papel com o lápis em punho. Em resposta obtive um “quem
é você, estranho?”, algo meio ridículo – mas foi o que senti quando o lápis tocou
o papel. Faz algum tempo, eu sei... mas... seria motivo pra tanto?
Meu rosto
corou, a situação pareceu ainda mais idiota. A mão não parecia querer obedecer
muito bem a meus comandos, gritava “não é assim, cuidado!”. Franzi o cenho sem
entender bem o que acontecia. Ora, se até então tinha conseguido adquirir certa
intimidade com a escrita, o que diabos me impedia de colocar qualquer coisa no
papel?
Me ausentei
por um tempo... culpado! Será que essa falta de contato comigo mesmo, de olhar
pra dentro me deixo paralisado? Apenas um mês, mês e meio – talvez. Em tão
pouco tempo é possível perder-se de si?
Bato com o lápis
no papel, não os estou punindo – sou em quem sofre da punição. Era tão difícil
vislumbrar algo antes? Parece que foi há tanto tempo, que já nem sei o que é
real ou imaginado. Era fácil ou não? Tudo mudou ou não?
Tem horas que
a gente olha pro mundo, começa a correr de um lado pro outro e vai abandonando
pequenos prazeres. “Já volto”, prometemos a nós mesmos. Quando o fazemos – se o
fazemos – é como começar do zero. Talvez não do zero, mas certamente
regredimos. O considero como um fator doloroso, como uma engrenagem enferrujada
que precisa de mais força pra poder voltar a se movimentar.
Ao final,
fiquei naquela posição por muito tempo. Fitando o papel com o lápis na mão e a
cara de idiota. Correram vários minutos, enquanto externamente minha imagem ali
fosse boba, por dentro buscava reencontrar tudo aquilo que me faz querer viver.
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