quarta-feira, 6 de abril de 2011

Uma dia desses voltando pra casa

    Existem muitas verdades comuns e já aceitas por todos, mas como é engraçado poder se deparar com alguma delas em uma situação completamente aleatória. Hoje subi no metro e me dei conta de como somos tantos, e como desconhecemos – ignoramos – o outro.
    Utilizamos os mesmos meios de transporte, e por vezes chegamos a reconhecer algumas figurinhas que também o fazem. Nossas rotinas nos levam a encontrar com as mesmas pessoas, mesmo não se dando conta disso.
    E agora eu te pergunto: quantas dessas pessoas você conhece? Não me surpreendo com um “nenhuma”, mais que normal. Agora pense: cada uma dessas pessoas tem uma rotina, um trabalho e/ou estudo, as coisas que gosta e odeia. Ou seja, cada uma delas tem toda uma vida desconhecida e ignorada pelos demais. Mais que isso toda a sua rotina diária é, também, algo que passa despercebido pelos demais.
    Somos apenas mais “um individuo” que se junta à multidão. Nossa vida é tão desconhecida para os outros quanto à deles é para nós. No máximo sabemos onde sobem e descem alguns dos passageiros, indiferentes dos porquês. Indiferentes quanto às motivações e trajetórias alheias.
    Também não somos uns psicopatas que querem saber tudo sobre alguém. Mas, é engraçado perceber como um ser humano é tão ínfimo no meio de uma multidão e ao mesmo tempo como aquele mesmo ser contém tantas coisas únicas e insubstituíveis.
    Como diz Cristian Botanski: “Em uma guerra não se matam milhares de pessoas. Mata-se alguém que adora espaguete, outro que é gay, outro que tem uma namorada. Uma acumulação de pequenas memórias...” (passagem retirada do documentário Nós que aqui estamos por vós esperamos). E o que quer dizer isso?
    As coisas funcionem assim: pequenos acontecimentos, pequenos mundos, pequenas formas de se ver a vida e seu entorno. A tão particular maneira que cada um tem de ver e interferir nas coisas é o que torna tão rica as nossas vidas. Tudo aquilo quanto desconhecemos faz parte de um universo muito maior. Pequenos detalhes que passam despercebidos pra uns, são alvo da curiosidade de tantos outros.
    Como uma moça e uma senhora que subiram na mesma estação de metro que eu. Aparentavam ser mãe e filha, tão normal que minha atenção se prendeu apenas por tempo suficiente para armar tal proposição.
    Logo veio um vendedor ambulante que anunciava uma “maravilhosa” caneta com preço imperdível e minha atenção foi arrastada a essa figura também por alguns instantes.
    E ao voltar meu olhar para a moça que estava sentada a minha frente me deparo com algo inesperado: ela chorava apoiando a cabeça no ombro da mulher que a acompanhava. Era um daqueles choros que não se aguenta mais segurar, que não escolhe lugar, de um corpo que se encontra exausto de mais pra manter aparências.
    Mas... por que? O que poderia ter ocasionado aquela torrente incontrolável de lágrimas? Infelizmente já chegava a minha estação, e não pude divagar muito sobre o tema. É como eu disse, cada um de nós é todo um universo desconhecido. E querer descobrir os mistérios das pessoas por pura observação é pretensão de mais.

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