sábado, 26 de novembro de 2011

Os beijos

Em cada beijo – abraço e afeto –
Deixo pra tras um pedaço
Desfaço-me nesses gestos
E em seus doces sabores
Relembro seus gozos e tremo...
Diante da certeza de não mais voltar
Sendo assim: quem sou?
Fazem falta os pedaços que perdi,
Levaram-me pra longe de mim

Se um dia fui obra inteira
Hoje sou menos que parte
Como os braços da Vênus
Sou aquilo que não existe
A centelha do imaginado
Um delírio desgarrado

Parti em busca de ti
Quem na multidão?
Alguma alma perdida
Ventania desprendida
Nada, eras vos...
Como eu: outro nó

E novamente me pus a pensar
“Se dos frangalhos que restam
Me jogo no mundo a buscar
Seguramente finda minha luz
Sem que do amor possa gozar”

O triste pensar da emoção
Maliciosamente transvestida de razão
Fez-me então autor de novo intento
Nunca mais doar-me e assim –
Mentirosamente assim –
Desbravar aquilo que não é
E não quer nunca ser: amor

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