Sanidade. É
uma dessas palavras pelas quais sou apaixonado, soa tão bem. Como se fosse
poesia por si só, tem todo o significado guardado dentro de si. É tudo aquilo
que não tenho e, talvez, nem queira mesmo ter.
Palavras são
assim: mágicas, cada uma a sua maneira e sabor. Coisa sinestésica mesmo: com
cheiros, cores e tato. Algumas com tanto tato que chegam a doer, ou vai dizer
que estou errado? Não importa, nem todo mundo sabe senti-las. Nem todos gostam
de apreciar as pequenas belezas dessas miudezas, coisas de ínfimo sentir. É
preciso atenção, cuidado e carinho – e as pessoas se esqueceram como se faz
isso.
Não se pensa
pra nada, é tudo tão automático quanto possa ser. Menos o sentir, por isso
mesmo é tão fortemente suprimido. “De que me vale sentir, se com ele o mundo
começa a doer?”, talvez seja isso... A falta de cuidado dos outros com tudo
torna o sentir muito penoso e muito mais útil se ignorado veementemente.
Voltemos a pobre
sanidade, tão desgastada por esse maltrapilho “escritor” de araque. Que te faz
sentir? Parece que falta algo, pra mim falta – sempre faltará. São, saldável,
sóbrio, vigoroso e (meu favorito) equilibrado... Acho graça disso tudo, quem
será que definiu tais diretrizes? E moldou o que é bom/ruim, normal/anormal,
melhor/pior. Tão ténue são as linhas, tão frágeis às fronteiras. Por algum
acaso o próprio senhor dessas ideias poderia, também, bailar de um lado a outro
nessa ciranda.
Torpe e
determinista, palavras duras e pesadas como um metal. Batem na cara da gente
feito uma bofetada moral. Por isso mesmo são importantes, querem o além do
obvio – aquilo que foge a simples vista do banal. Incomodam e incomodar-se é
fundamental para movimentar as coisas, os acomodados não movem nada.
Fosse o mundo
simplista não haveria tantas palavras para tentar explica-lo, nem tantos
idiomas e variações linguísticas para se moldar as suas diversas formas. Seria
tudo muito reto e chato, seriamos fáceis e dóceis. Não haveria – sequer –
evolução, pois nada demandaria mudanças. Morreríamos de tédio esquecidos pelas
próprias mentes.
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