Templos
são lugares sagrados nos quais a paz invade nossas mentes e corpos, elevando o
espirito. Contudo, não todos os templos são exatamente religiosos e assim foi
aquele lugar pra mim. Uma capela simples sem requintes de ostentação luxuosa,
com altar aberto à beira do lago que o separa do lugar de onde a maior parte
dos fieis assistem as missas nas segundas-feiras. Seus jardins – espalhados por
todos os lados – dão a impressão de que aquele cenário não pertence à cidade, entretanto
fica teimosamente em sua região central.
É
sim um lugar religioso para a maioria, porém nos dias em que não havia celebrações
se tornava algo mais: se tornava tudo quanto uma criança possa imaginar. Nesse
lugar estão gravadas várias passagens de minha infância, das brincadeiras com os
primos e das tantas bagunças que podíamos inventar.
Ali
estávamos livres para recriar o cenário, inventar histórias e personagens. E o
fazíamos com maestria: policiais e bandidos; exploradores de selvas; mergulhadores
de grutas; nada era impossível. Bastava uma boa ideia para que o cenário se
metamorfoseasse diante de nossos olhos e nos colocando dentro de nosso mundo
particular.
Por
vezes tínhamos alguns probleminhas... Não é sempre que os adultos entendem a
avidez com a qual as crianças abraçam suas histórias e alguns puxões de orelha
eram aplicados quando algumas plantas, velas etc. sofriam pequenos “acidentes” ao
longo do dia – nada que vinte minutos de descanso não resolvesse.
Assim
crescemos e, mesmo nos dias de celebração, arrumávamos algum artifício para
poder tornar a passagem do tempo mais divertida. Quando era tempo de festa de
São Geraldo (santo ao qual é dedicada a capela) nos digladiávamos para poder
cumprir funções que julgávamos mais divertidas. E nos ocupávamos com um pouco
de tudo: aos mais velhos eram dadas tarefas de maior importância e assim por
escala – basicamente etária – nos ocupávamos todos em ajudar nos preparativos e
durante toda a festa.
Aqueles
afazeres nada mais eram que uma boa desculpa para brincarmos de ser “gente
grande”, achando que eram funções da mais alta importância e somente nós
poderíamos cumprir aqueles papeis. Para nós o tempo passava diferente e tudo
fazia parte de mais uma história de faz-de-conta.
O
tempo foi passando, cada um de nós foi mudando e o mesmo aconteceu com nosso
lugar especial. Fomos moldados pela passagem do tempo, entretanto ainda olho
pra capela e consigo recriar toda a magia que a infância me brindou. E sinto
falta daquele tempo, uma saudade boa, do tipo que faz a gente se alegrar por
ter podido viver tudo o que passou.
(Imagem "emprestada" de minha prima Fabiola Lemos)
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