quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Insônia

Quando não se consegue dormir todos os ruídos da casa são ampliados.

Do quarto escuto o relógio que está na sala e, compassadamente, movimenta o ponteiro dos segundos. Um pouco mais ao fundo, mas ainda audível, está a geladeira. Num som suave, por apenas estar mantendo sua temperatura interna. E, de tempo em tempo, escuto algum veículo que passa na rua.

Me dou conta disso tudo sem ao menos ter de me levantar e sem ter a janela diretamente voltada pra rua. Até então não há nenhum problema, o pior dos ruídos está bem ali: dentro da minha cabeça. Sim, também os pensamentos são beneficiados pelo "silêncio" trazido pela noite.

O rolar de um lado para o outro da cama é quase um ritual. Como a dança da chuva, mas aqui estou evocando o sono. Abrir os olhos é um erro. A escuridão beneficia pequenas luzes que são ignoradas durante o dia. E ali está ela: a luz do stand by da TV... E com esse mísero ponto de luz esboço algumas formas já conhecidas do quarto.

Sou pego pela curiosidade e, em um movimento automático, seguro meu telefone e acendo sua tela. Um erro inocente. A luz do aparelho me cega momentaneamente. A sensibilidade adquirida pela escuridão tem esse preço. Levo alguns minutos - ou seriam segundos? - para poder olhar diretamente sua tela. E me arrependo mais uma vez. Saber as horas me desanima pelo rápido cálculo mental de  "por quantas horas ainda posso tentar dormir". Sempre poucas.

Deixo o celular de lado, o quarto volta a escuridão, e a luzinha da TV é irrisória novamente. Agora só me resta voltar ao meu ritual, assim quem sabe possa aproveitar o tempo que tenho. Amanha é um novo dia e minha próxima insônia pode estar em seu final. Não há problema, é só mais uma história que se repete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário