quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Qual é o seu deus?

Mais uma vez me falam de deus, de Deus, de deuses. Mais uma vez tentam me fazer acreditar que sou um nada, um grão de areia sem importância.

Seria eu uma coisa tão previsivelmente desprezível que tenho de crer em tudo que me dizem? E porque querer sempre as pessoas de joelhos, se erguidos e de peito aberto que verdadeiramente conseguimos alcançar nossos objetivos.

Esses são os deuses apresentados: cruéis torturadores, egocêntricos e narcisistas. Como poderiam ser tão contraditórios.

Querem o amor e o bem, condenam para a eternidade. Desejam ser adorados todo o tempo, cobram a atenção espiritual e material de suas criações. Criaram todas as coisas, mas sua criação favorita, -  e dotada com o dom de mudar o mundo - é feita a sua imagem e semelhança.

Dentro de sua magnitude de infinito conhecimento e poder cria quebra-cabeças infundados para que o homem se sinta ainda mais dependente e ínfimo.

Quão bondoso, condolente deus. Que em algumas de suas imagens perdoa os erros de todos que queiram o perdão e em outras condena sem direito a julgamento por qualquer erro, ou mesmo apenas por ter nascido.

Quantas imagens, quantas alternativas, quantos "combos"...

"Senhor, gostou da nossa apresentação standard? Vem com um Deus compreensivo e complacente. Apenas necessita de uma doação mensal do seu dinheiro durante toda vida e desfrutarás de uma eternidade satisfatória"

Hum.... não sei.

"Não se preocupe, caso não tenha gostado também temos aqui uma edição premium: adoração cega e sem questionamento. Acompanha alto flagelo, mas aceita umas escapadelas. Ou então..."

Acho que eu não vou querer, obrigado. Deuses e deuses, mas qual deles é o certo?

"Todos os caminhos levam a deus..."

Então porque tenho de escolher entre ir com esse, ou aquele? E por que se sigo esse odeio aquele!? E por que uns podem ter mais liberdades e outros nem uma? Por que há um deus que subjuga as mulheres?! Não somos todos iguais!?

"Esse é o conceito de outro deus..."

E se eu escolho apenas pensar que o mundo é maravilhoso, que a natureza é uma imensidão rica e que o universo é assim impossível de se prever. E se eu escolho pensar por mim mesmo. E se eu não quiser seguir há nem um desses modelos. Se eu não quero nem um dos "combos"... como vou fazer?

"Você tem de escolher um deles, ou vai ser considerado a escória do mundo. Um descrente em tudo!"

E porque quem escolhe não acreditar em nada é a escória? Não é apenas uma escolha!? Não tínhamos o livre arbítrio?

"Sim... para escolher em que acreditar. Não acreditar em nada não pode."

Desculpa... e acreditar em algo que é só pra mim, posso?

"Não se recomenda, pode acabar sendo confundido com algum tipo intolerável..."

Mas... tudo bem, ainda sim escolho pensar por mim. Sei como sou pequeno no meio de todas as coisas que existem. Sei que existem escolhas e conceitos, mas os absurdos não poderiam parecer mais gritantes quando vejo certas cenas.

Apesar de parecer um julgamento - não queria que tivesse esse tom. Pensamentos e escolhas não podem ser medidos como certos ou errados. Peço apenas duas coisas simples - não sempre aplicadas - coerência e tolerância.

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