"Escritor" - não que eu seja verdadeiramente um - precisa de um pouco de boémia. A possibilidade de encontrar novas e velhas histórias, esvaziar a mente e tornar a enche-la.
Ter os olhos abertos pro mundo, parar e observar. Mais do que só olhar, fazer parte do mundo. Como falar de um mundo do qual não se sente na pele?
Mais vale dar um pouco a cara a tapa e viver do que ser apenas mais uma sombra. A gente cai, quebra a cara, é enganado, chora, dança, canta, corre, brinca, ri.
Estou longe de ser um bon vivant, longe também de um austero. Andar na corda bamba de sombrinha no caminho entre um e outro sempre me pareceu mais válido.
Acontece de uma hora ou outra a gente pender para algum lado, mas essa é a beleza do malabarismo: o artista ajusta o corpo, hora pende pra cá, hora pende pra lá.
Não fazemos o mesmo? O carnaval é bem uma dessas horas em que caímos, ou quase, dessa corda. Seja pra um ou outro lado, cada um escolhe em que direção o vento vai sobrar.
Cuidado ao cair dá corda, sua visão pode ficar muito seletiva e deixar passar o que realmente importa.
Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa? Ainda é carnaval! E pode ser que EU esteja do lado errado da corda...
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