quarta-feira, 27 de abril de 2011

Essas ultimas semanas

    Estava pensando nas coisas já me passaram, nas pessoas que eu já conheci há alguns anos. Obvio que a maioria delas se tornou apenas uma lembrança lá no fundo da mente, outras tantas passaram para um nível subconsciente – é triste, mas é a realidade – e há aquelas poucas que resistem em uma camada muito superficial e viva da memória, impossíveis de serem deixadas pra traz.
    Não que as figuras que são borradas desse espaço tenham uma importância menor, não é isso. A vida simplesmente nos levou a caminhos tão distintos e, por vezes, se torna impossível manter algumas memorias assim tão confortavelmente seguras. É uma seleção da qual não somos consultados: é nossa mente quem dita às regras, as prioridades, quais os afetos considerados indispensáveis.
    Maldosa mente, digo eu. Há tantas coisas lindas em recordações borradas e tantos machucados em outras que ficam encrustadas e seguem a sangrar como se recém-feitas. Marcadas a ferro quente, mas não importa. De que vale remoer e voltar a sentir as dores de um desprazer?
    Enfim, nessas últimas semanas tenho tido uns sonhos muito estranhos – isso se os que já relatei aqui não foram suficientemente incomuns – com pessoas que na realidade não tiveram uma influencia nada positiva (me pergunto se na verdade não seria mais certo dizer nula) na formação de quem sou. O fato é: tenho sonhado com gente que se não passou em branco foi um inconveniente desagrado.
    O que me deixou mais encucado foi que nesses sonhos elas apareciam em busca de conselhos, ou me aconselhando com relação a alguma situação que estou vivendo. Porque diabos meu inconsciente iria buscar justamente auxilio delas para me mostrar algo? Porque não qualquer outro? Alguém que eu goste, tenha respeito, ou coisa que o valha. Espero poder ter a resposta pra essas perguntas o mais rápido possível.
    Por hora simplesmente me deleito com o despertar depois de uma dessas visões, sempre algo divertido e desconcertante. É que, querendo ou não, ficamos imaginando se seria possível que justamente aquele individuo poderia ter trazido uma reflexão tão positiva e benéfica para nós. Ou se seriamos capazes de prestar ajuda a tal figurinha sem deixar que velhos rancores tomassem conta de nosso julgamento.
    Existem recordações lindas, e outras que se fazem lindas com o tempo. Não nos lembramos de tudo que aconteceu e por isso mesmo preenchemos os pedacinhos que faltam com uma imagem gostosa e imperfeita daquilo que realmente foi. Os temperos das coisas que já aconteceram sempre tem um sabor impossível de se repetir, são únicos e por isso tão especiais.
    Eu não costumo ser uma pessoa nostálgica, quem me conhece talvez tenha notado. Na realidade tenho receio das minhas memorias, simplesmente pela “pequena” tendência que tenho de lembra fatos desconcertantes e puramente idiotas.
    Muitos vão dizer que não há nada de errado nisso. Pode até que não para vocês que, ao contrário de mim, aprenderam a rir de si mesmos e deixar as sensações ruins de lado. Eu não, algo de estupido que fiz ganha força com o tempo e o que eu senti me coroe mais intensamente.
    A mente é cheia de truques, verdadeira caixa de pandora. Traz milhões de fatos sepultados, mas também é guardiã de verdadeiras joias. A curiosidade, ou um ímpeto qualquer sempre nos fará abri-la.  O mais importante é saber se estaremos preparados pra aquilo que sairá dela.

2 comentários:

  1. Leo, os sonhos são o caminho mais rápido entre a pergunta e a resposta, sem intermédio da lógica.
    Se essas pessoas retornam, certamente são desconcertantemente importantes. Mesmo que, naturalmente, você não queira admitir isso.
    Chame-os para um chá e os deixe partir. Foram feitos da matéria dos sonhos, deixe que se desfaçam com a mesma facilidade com que se materializaram...


    Mas guarde suas mensagens.

    ResponderExcluir
  2. Essa coisa de sonho e memórias sempre me intrigou mto tb! Bacana a reflexão sobre isso! :)

    ResponderExcluir