domingo, 1 de maio de 2011

Como você se vê daqui dez anos?

    Daqui dez anos? É uma pergunta tão difícil de responder. Não sei nem mesmo como vou estar daqui alguns dias, planos mudam o tempo inteiro. Não só os planos, o mundo muda. Todas as infinitas variáveis que influem nas coisas que vão acontecer daqui a um minuto, dez minutos, ou um dia vão se alterando e interferindo umas com as outras.
    Uma imensa bola de neve e que se mistura a um efeito domino e se alastram na confluência de fatos, ações e omissões que nos cercam. Se me perguntassem há dois anos se eu imaginaria estar onde estou diria que não, que é impossível, sem pé nem cabeça.
    Um ano é muito tempo, um ano não é nada. Como uma moeda o tempo costuma ter dois lados: em um é impossível se prever, porque está sempre longe; no outro faz graça ao passar mais depressa do que tínhamos calculado.
    E depois, pra responder uma pergunta dessas teria de conseguir visualizar a imagem de um “eu” que está muito longe do meu presente. Uma pessoa que talvez nem vá existir no futuro, uma projeção bastante errônea e infiel do que vai ser.
    O pior é que a única coisa que vem a minha mente é um quadro negro, um plano vazio. Nem mesmo consigo pensar numa historinha divertida para entreter meu interlocutor. Se ao menos esse vazio fosse branco eu ainda diria que há um quadro a ser pintado, mas ele é negro! Como se já estivesse completamente preenchido por algo que se esconde.
    O futuro é oculto, impreciso e não presumível. Se fosse diferente as suposições a seu respeito não fariam tanto sucesso. Temos curiosidade e medo de saber o que nos aguarda. Em alguns ganha a curiosidade em outros o medo – a indiferença é quase como o medo: se não penso a respeito não pode me fazer mal.
    Essa é uma batalha que toma se dá dentro de nós, alternando entre consciência e inconsciência. Lógico que há mais coisas que se pensar além do futuro: o passado. Engraçado jogo que nos leva pra frente e pra traz, nos negamos continuamente fixar nossas cabeças no momento preciso que vivemos. Com isso alternamos nossas fantasias entre o que já foi e o que vai ser.
    O que vai ser? Não sei e me dizem perdido por isso. “Te falta metas, te falta algo que o impulsione...”, eu sei da verdade que há nessas falas. E juro estar buscando uma forma de mudar isso. Quero pintar meu quadro sobre “como me vejo em dez anos” estando seguro que a imagem que nele se apresenta seja atingível e satisfatória.
    Mas enquanto não encontro uma resposta... te incomoda muito se eu continuar com minha cara sem graça e o silencio? Prefiro pecar pela omissão ao invés de contar mentirinha qualquer. De todos os modos: assim que eu souber prometo que conto.

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