sábado, 17 de setembro de 2011

Em pedaços

    Todos nós somos formados por uma infinidade de fragmentos. Uma enorme junção de pequenas histórias e acontecimentos que ficam grudados pra sempre em nosso ser. Depois de uma reforma começo a ordenar alguns pertences na prateleira. Um a um eles vão me mostrando a pessoa na qual os anos me moldaram. Objetos simples, porém têm uma carga emocional extraordinária.
    Tenho um troféu de melhor ator que ganhei em 98 em um festival de teatro estudantil na minha cidade. Algo muito simples, entretanto fica estampado nele mais que o meu gosto pelo teatro, está escarrado ali um pedaço gordo do meu ego. Tenho também algumas canecas de lugares que conheci e uma, em especial, com três incríveis pessoas com as quais tive a oportunidade de passar um ano da minha vida – um das homenagens mais legais que me fizeram, diga-se de passagem.
    Outro objeto interessante é uma pequena boneca de bola de gude que segura uma placa com os dizeres: “Meu amor por você não bate... capota!” esse foi um presente de improviso que ganhei no meu aniversario de quinze ou dezesseis anos, meus amigos acharam divertido fazer uma vaquinha pra comprar ela e realmente foi. Dos tempos de colégio tenho onze dos doze profetas de Aleijadinho, comprei-os numa excursão da sétima série – não tenho ideia do possível paradeiro do décimo segundo profeta...
    Talvez uma das coisas curiosas que tenho no meu quarto seja um simples par de dados de truco. Eles foram feitos por meu avô materno, que gostava muito do jogo e alguém quem eu não tive a sorte de conhecer – foi minha avó quem me deu eles. Homens nunca crescem, não é o que dizem? Pois bem, tenho uma moto de brinquedo... Foi um presente de natal (uma brincadeira) não faz tantos anos assim, de um tio que sabe e entende o meu gosto por elas.
    O molde dos meus dentes é a coisa mais bizarra do quarto – não levando em consideração o possível espanto causado por uma espada oriental. Quatro miniaturas de RPG (tá, não dá pra ser um quarto mais nerd) que ganhei no amigo oculto mais acertado que eu já participei. Além dessas tantas coisas tenho um pato de pelúcia, numa “leve” referencia a meu apelido nos tempos de colégio, guardado com muito carinho pela ocasião em que me foi dado.
    E a foto. A única que tenho no meu quarto e, também, a única que tenho com essa pessoa. Talvez essa seja uma dos objetos que se destaque, ou talvez eu dê uma atenção diferenciada a ela. Muito provavelmente por que ali está representado, mais do que um fragmento de mim, está um pedaço de mim que comparti e hoje não possuo mais.
    Somos isso, uma coleção de fragmentos. Possuímos um pouquinho de cada pessoa e momento que passa por nós. E deixamos um pedacinho em cada uma delas também. Somos o todo formado de partes e quando se olha de perto só vemos um emaranhado confuso de coisas, mas com a distancia adequada é que contemplamos a coisa completa. Porém, nessa transição de perto e longe é que entendemos perfeitamente a importância desse, ou daquele pontinho ínfimo na formação da imagem.

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