domingo, 16 de outubro de 2011

Para Outubro

    Outubro avança – não lento – numa sem vontade que parece querer nem deixar-se ver ao passar. Sabe aqueles dias que você olha pra traz e fica tentando repassar “o que diabos eu fiz de útil hoje mesmo?” e se sente um tanto frustrado por não chegar a nenhuma conclusão? Assim têm sido os dias de outubro pra mim.
    Uma falta total de querer, uma apatia morta e sem gosto. Talvez eu devesse estar ansioso pelos acontecimentos que se aproximam, entretanto estou anestesiado e nem me importo com a constatação desse fato.
    Acho que em algum ponto desse ano eu perdi o contato com a linha na qual o tempo tece seus acontecimentos e me tornei menos que um espectador de suas intrincadas coreografias lineares. Zumbis devem perceber mais seu ambiente do que eu. Incauto, desbravo os dias que se passam e não dou – de verdade – o devido valor as horas que se esvaem e não voltarão mais.
    O perder de horas e horas só não é total por meus momentos de consciência (cada vez mais raros, devo acrescentar) e os de abstração total, expressos nessas infinitas linhas sem sentido que meus dedos seguem a digitar de forma semiconsciente.
    Uma brincadeira, ou guerra, travada entre os eternos: Ego, ID e Superego. Cada um achando-se mais digno e rei de minhas vontades e no fim regulando-se como a balança de três poderes que deveria reger a nossa sociedade – acho quase enfadonho salientar que é algo meramente teórico.
    As balanças existem apenas pra pender de algum lado. Assim funciona o mundo e assim funcionam as pessoas. Que nada mais são além de pequenas representações do mundo a sua volta. Ou seja, assim também sou, dentro de minhas variações.
    Fato é que muito possivelmente mais pessoas sintam que já não há muito sentido no passar compassado do tempo. Os relógios registram tempos físicos, que fazem cada vez menos sentido e me importam ainda menos. O tempo que se sente é muito diferente e não se mensura em segundos, horas, nem mesmo dias.
    Assim vai outubro, um velho pançudo cheio de preguiça, que faz seu trabalho as pressas para poder ser liberado de sua obrigação anual em reger o tempo. Quem sabe novembro esteja mais interessada e bem disposta a cumprir com seu trabalho.

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