sábado, 1 de outubro de 2011

Responsável ou não?

    Vi a seguinte frase no Facebook: “Sou responsável pelo que falo, não pelo que você entende.” Engraçado, não é mesmo? Mas, será mesmo que não somos responsáveis pelo que o outro entende? Acredito que na maioria das vezes temos sim uma grande influência no modo com o qual as pessoas interpretam as coisas.
    Pense nisso: você ao se comunicar utiliza uma multidão de flexões e expressões corpóreas que juntamente com o que é dito pode ter diversos efeitos. Por exemplo, seus gestos podem confirmar o que você diz; podem contradizer suas palavras; ou mesmo serem indiferentes a aquilo que é comunicado. Complexo? Bastante.
    Só que além do gestual ainda temos o tom de voz, expressões faciais, olhares e um contexto pré-existente ao dialogo. São incontáveis variáveis que se somam, subtraem, multiplicam e dividem deixando a nós mesmos um pouco perdidos nas variações. Já imaginou quanta informação um simples “estou ótimo” pode trazer? E mais, quantas interpretações ele pode levar?
    Coisa de dar nó na cabeça. Algo que piora quando somos displicentes e não prestamos muita atenção em nosso comportamento ao transmitir uma mensagem. Sutilezas imperceptíveis – poderiam me contestar –, mas quantas vezes fazemos uso delas de forma proposital?
    E a linguagem escrita? Nela não existem muitas das variáveis que eu citei, isso é verdade. Então, na linguagem escrita não existe esse tipo de mal entendido! ERRADO!!!  Justamente pela falta de mecanismos que nos ajudem a perceber a real intenção de quem escreve a comunicação pode tornar-se pior.
    Nunca aconteceu com você de, ao conversar com um amigo na internet, utilizar uma ironia sutil e perceber na resposta dele que ela não foi percebida? Esse é um exemplo básico, quase primário. Entretanto, deixa claro que esse tipo de sutileza se torna ainda mais complicada no mundo escrito e pode, até mesmo, levar a total distorção do que se quis dizer.
    Também disse que uma parte da compreensão do que dizemos não está ligada a nós. E qual seria ela? É tudo aquilo que depende da bagagem de quem nos escuta/lê. Coisa ainda mais subjetiva do que todo o demais que foi tratado até aqui. Porque, se controlar nossas próprias interferências na comunicação é difícil se torna humanamente impossível prever com qual vai ser a interpretação exata do outro.
    Cada um traz consigo toda uma carga de experiências – desde as emocionais, passando pelas culturais e finalmente chegando às académicas – que formam um amontoado ainda mais complexo de variáveis.
    Acredito que a frase que li esteja errada. Claro que existem coisas que fogem ao nosso controle, porém não podemos deixar de responder pelas nossas ações e palavras. Mesmo no caso de uma interpretação equivocada delas. O mundo é resultado de nossas ações, por tanto cabe a cada um assumir a responsabilidade pelo que faz e diz, caso contrario melhor seria não viver em sociedade.

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