quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Au-au... sim senhor

Vivemos num mundo que nos trata como cachorros bem treinados, é muito engraçado (trágico) poder se dar conta disso. Desde pequenos nos ensinam através de recompensas. Primeiramente são palavras amáveis quando se faz algo certo e repreensões se não – umas palmadinhas também, sem hipocrisia.

Um pouco maiores somos jogados no centro de treinamentos mais cruel: a escola. Lá somos obrigados a engolir ensinamentos pré-programados que não privilegiam habilidades individuais, e sim obedecem a um padrão.

Nesse cenário a recompensa mais óbvia é a nota, mas não se engane: essa não é a única moeda de troca e, em alguns casos, está longe de ser a mais importante. Fica um tanto difícil perceber quais as  prováveis recompensas nesse mundo? Pense um pouco... rótulos e prestígio servem bem para tal finalidade. Além do conteúdo programático somos treinados na “arte” da inteiração social, ou de como evita-la.

Crescemos e nos diferenciamos dos cães: com o tempo o treinador vai diminuindo o prêmio do animal para que ele passe a realizar a tarefa ensinada de maneira automática. Nós, por outro lado, necessitamos de recompensas cada vez maiores para poder manter a realização de uma tarefa, ordem, ou mesmo cortesia.

Quando adultos o premio que grita e rege a todos é o dinheiro. Novamente vou pedir que deixemos a hipocrisia de lado por um momento. Ninguém se mata de estudar, faz um curso superior – um outras coisas mais – pensando em morrer de fome.

Por meio do dinheiro conseguimos outras formas de satisfação. Carros, viagens, roupas, jóias... Pense nisso um pouco: será que você realmente daria o sangue e tudo mais se, no fim do mês, não houvesse nem um ganho pessoal? Aos que digam que sim... eu até acredito. Sei que podem existir outras motivações, mesmo sendo o apelo financeiro bem forte. Mas pense bem.

E as pessoas caridosas? Aquelas que praticam desapego e ajudam aos que precisam? Como poderiam elas estar enquadradas no mesmo ponto? Então observe um pouco: pessoas assim veem (inconscientemente, ou não) na sua ação um remédio para o próprio sofrer e necessidade. 

Ao ajudar alguém que passa por uma situação de desespero e miséria esquecemos nossas decepções e nossas tormentas, isso é algo impagável. E apesar de ser uma forma mais nobre de recompensa, no fim é praticamente a mesma coisa (não que eu ache isso errado!).

Voltando ao resto do mundo – que não é tão bonzinho assim – o tempo todo há uma busca por ter mais e mais. E é certo que após todo o caminho percorrido o contentamento vá se distanciando em uma progressão geométrica da nossa realidade. O material não consegue suprir a falta de algo mais, impossível de se descobrir.

Existe uma forma de mudar tudo isso? Poderíamos aprender de maneira distinta? Somos tão ruins assim que só por meio de prêmios – e às vezes nem assim – aprendemos e aplicamos as coisas que deveríamos praticar normalmente?

Essa necessidade que temos vai consumindo nossas mentes, corpos e os recursos do planeta. Um dia não haverá mais recompensa e assim sim saberemos o que é o caos. Com um pouco de sorte talvez  comecemos do zero, poderiamos até fazer tudo diferente.

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