terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Certos encontros

A cada dia que passa vem um fantasma do passado para nos lembrar de coisas que nem sempre são tão animadoras. E recordamos quão idiotas fomos, ou ainda somos.

Esse cara a cara é bem mais um desconforto do que qualquer outra coisa. Mais ou menos como encontrar um colega de infância do qual lembramos ter tornado a vida um inferno por um tempo quando eramos novos, e descobrir que ele hoje é o nosso chefe, ou mesmo alguém que tenhamos de lidar com algum grau de hierarquia.

Tem o caso daquela pessoa com a qual tivemos alguma relação "amorosa" e depois ela volta a aparecer quase como se fosse puxar nosso pé durante a noite. Por que as coisas nem sempre terminam bem. Na maioria das vezes alguém quer levar o coração do outro para si, e eu não digo isso de uma maneira poética, é o coração de verdade. E a pessoa quer arranca-lo do nosso peito enquanto ele ainda bate! Para colocá-lo numa estante como uma recordação de algo que "não voltará a acontecer".

Essas aparições tão aleatórias e divertidas - divertida como dor de roxo: dói, ainda sim você aperta o lugar - causam um certo arrepio na nuca, e um bocado de vertigem. Pessoas são estranhas, nunca se sabe como vão reagir.

O tempo não atua de forma igual para todos, menos ainda para as situações que são diversas. E ainda assim criamos um balé que fica entre uma provável reação ruim, a possibilidade de ser ignorado e uma simpatia constrangida.

Às vezes mesmo com alguém que tínhamos uma relação boa pode passar isso. Pelo tempo passado, sentimos que já não existe a cumplicidade de outrora, uma completa verdade. E ficamos sem ação por já não saber como a pessoa reagirá no caso de um tratamento mais carinhoso, ou mesmo de uma atenção mais afetuosa (sem qualquer conotação sexual).

Sofro do mal dos encontros estranhos e esquisitos. Sofro por não saber como agir frente a um constrangimento. Sinto que minhas pernas, tronco, braços, mãos, dedos... Meu deus pra que um corpo com tantas partes!? Todas elas ficam sobrando e se movimentam caoticamente tentando achar o lugar onde deveriam estar. Algo praticamente impossível é sair desses eventos sem sentir-se idiota.

Viva os encontros com nossos bons e maus fantasmas, só vou pedir para que não me assustem muito. Mas o esforço nem vale: um "oi" já basta para uma pequena parada cardíaca.

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