terça-feira, 22 de março de 2011

Supermercado

    Sei que já falei desses “pequenos sustos” que os fantasmas do passado nos trazem... Mas, nada como um novo sustinho para relembrar as coisas.
    Numa inocente fila do caixa sempre ficam aqueles doces e outras tentações que os pais queriam que estivessem em qualquer outra parte do universo e que as crianças tanto adoram.
    Lá estava eu: inocente com uma garrafa de refrigerante para passar pelo caixa rápido e eis que me detenho junto à geladeira de sorvetes, posicionada nesse limbo das “coisas gostosas que as crianças adoram”, e é aí que uma pessoa para logo atrás de mim. Num gesto de boa vontade, viro dizendo: “Pode passar...”.
    Minhas palavras ficam parcialmente presas na garganta e eu sinto um leve e familiar aperto no peito. É... Os fantasmas não escolhem hora nem lugar, simplesmente aparecem.
    Lá estava ela, uma dessas coisas de início de adolescência que sempre tem um fim um tanto difícil – tradução: ela me odeia. Ela também com um ar de surpresa lançou mão de um automático cumprimento. Impossível disfarçar o constrangimento de ambos com o acontecimento.
    Eu pagaria para poder ver a minha cara naquele momento, de verdade. As pessoas dizem que sou muito expressivo, assim sendo, um certo terror deve ter escapado dos meus olhos juntamente com: surpresa, vergonha, desconcerto e uma vontade de rir que pôde ser controlada a tempo.
    Eu a conheci na minha cidade natal, Mariana, e agora em Belo Horizonte (que é uma cidade bem grandinha), uns seis ou sete anos depois da última vez que eu a encontrei dou de cara com essa figurinha na fila do supermercado. Só mais um adendo: no meu último dia em Belo Horizonte. Estou aqui apenas de férias, amanhã mesmo já é hora de ir pra “casa”.
    Ela pagou por seu iogurte e disse um “tchau” que foi difícil de saber se pra mim ou pra moça do caixa. Assim mesmo respondi prontamente com um tchau também.
    Cada um saiu para um lado e foi nesse momento que eu finalmente pude rir, e com vontade, de tudo que tinha acontecido. Algumas caras de “esse menino é doido” já nem me assustam mais. “Sou doido mesmo”, prefiro pensar.

Um comentário:

  1. Oi Leo!!
    Seu blog é muito legal, achei que vc estava usando ele para postar passeios argentinos, mas vc me surpreendeu.
    Bacana sua escrita e criatividade!
    Alem do que, continue... continue sim a transmitir suas ideis!
    Abraço

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